eportagem Haiti Gotson Pierre* RELfCOES Hi TI O- DOm InICHnS E IEIOS DE As relaes nem sempre foram fceis devido aos direitos dos trabalhadores haitianos nos "Bateys"** dominicanos. As iniciativas de unio dos dois praises atravs da abertura de canais de informao apenas conseguem contribuir para uma melhor compreensao entire as duos parties. Isto reforar a political bilateral adotada pelo governor do Haiti, visando o estabele- cimento de relaes mais estreitas em prol dos dois praises. os primeiros anos do sculo XX, os Haitianos deixaram as suas casas para irem trabalhar para as plantaoes de cana-de-acar dominicanas que abasteciam fabricas constru- idas ou financiadas pelos americanos. Nos anos 60, foi celebrado um acordo entire os dois pauses para o fornecimento de trabalhadores sazonais que fizessem as colheitas da cana-de- acar dominicanas. Depois da condenaao deste acordo, no seguimento da queda da dita- dura de Duvalier em 1986, muitos haitianos continuaram a migrar para a Repblica Dominicana, principalmente procura de emprego. Hoje em dia, embora nao se tenha feito um censo da populaao, as entidades dominicanas dizem que vivem no pais mais de um milhao de haitianos. A Repblica Dominicana v esta imi- graao como um fardo e esta sempre a repatriar imigrantes haitianos em condioes que violam os direitos humans mais basicos, incluindo a desagregaio de families, a deportaio noctur- na sem coordenaao com as autoridades haitia- nas e outras formas de maus-tratos. Os antecedentes da situaao actual sao uma longa histria de hostilidades e disputes. Os Haitianos nao esqueceram o massacre de cerca de 30.000 conterrneos na Repblica Dominicana em 1937 sob as ordens do ditador Rafael Trujillo. Por seu lado, os Dominicanos lembram-se do severo regime de ocupaao que lhes foi imposto pelo govemo haitiano de Jean-Pierre Boyer entire 1822 e 1844. Existem igualmente diferenas culturais entire as duas sociedades que alimentam preconcei- tos na Repblica Dominicana, cuja populaao reivindica uma herana india e espanhola, enquanto que os Haitianos invocam a sua herana africana. Esta situaao nao favorece o entendimento entire Haitianos e Dominicanos e influencia o trabalho dos meios de comunicaao, afectando a informaao sobre as relaes haitiano-domi- nicanas. Durante muito tempo, os meios de comunica- ao haitianos apenas faziam uma cobertura esporadica da questao dominicana, com base em despachos das agncias de imprensa inter- nacionais. Enquanto a imprensa haitiana opera- va ignorando quase totalmente o pais vizinho, a imprensa dominicana simplesmente divulga- va as informaoes oficiais sobre o Haiti forne- cidas pelas autoridades dominicanas. Contudo, nos ltimos anos, o desenvolvimen- to de Novas Tecnologias de Informaao e Comunicaao (NTIC) e as actividades de sec- tores alterativos no campo da comunicaao permitiram que as informaoes sobre as rela- es haitiano-dominicanas tomassem outro rumo e adquirissem uma maior presena nos meios de comunicaao haitianos. Uma das agncias que tem trabalhado sistema- ticamente nesta questao a AlterPresse (www.alterpresse.org), uma rede noticiosa alternative haitiana e membro do Groupe Mdia Alternatif, que iniciou funoes em 2002. A AlterPresse da prioridade divulga- ao das relaes haitiano-dominicanas, cobrindo regularmente temas essenciais, tanto em francs como em espanhol. Elaborou centenas de artigos, alguns deles em cooperaao com colegas dominicanos, relacio- nados principalmente com a imigraao, ques- toes fronteirias, comrcio binacional, direitos humans, ambiente, catastrofes naturais, sade, turismo, cultural, etc. Com mais de 20.000 ocorrncias por dia e rela- t6rios transmitidos por various meios de comuni- caao (radio, televisao, jomais, sitios web) em todo o Haiti, Repblica Dominicana e outras regies, a AlterPresse tem ajudado a garantir uma melhor cobertura mediatica dos assuntos haitiano-dominicanos, bem como a influenciar varias decises sobre estas questes. A AlterPresse tem relaes profissionais e de amizade com a Espacio Insular, uma agncia dominicana altemativa criada em Agosto de 2006. Em Fevereiro de 2007, celebraram um acordo de cooperaao e, em Novembro passa- do, completaram um estudo sobre as relaes haitiano-dominicanas e sobre como sao apre- sentadas nos meios de comunicaao em ambos os passes, tendo organizado uma reuniao de jor- nalistas haitianos e dominicanos em Port-au- Prince para discussao dos assuntos em questao. Os jornalistas aperceberam-se que dois pauses que partilham a mesma ilha partilham igual- mente um destino. Por esse motivo, necessi- rio haver compreensao e cooperaao para ultrapassar qualquer hostilidade, para facilitar a compreensao e a harmonia e para criar pers- pectivas de um desenvolvimento comum enraizado num sentido de solidariedade. @ *Gotson Pierre co-fundador do Grupo Media Alternatif **Lugar reservado nas exploraoes aucareiras aos escravos e mais tarde aos cortadores de cana. C@RREIO