Interaces ACP-UE > 8 Declarao de Kigali Com um resultado tangivel, fruto de various dias de debates e de negociaoes nos bastidores, foi finalmente adoptada a Declaraao de Kigali, que sublinha as inquietaoes dos ACP em rela- ao estratgia da Comissao, que ameaava impor o sistema de preferncias generalizado muito menos generoso em terms de acesso ao mercado da UE -aos paises que nao assinas- sem um acordo dentro do prazo. A Declaraao de Kigali consider que este sistema "poria em perigo o bem-estar e os meios de subsistncia de milhes de trabalhadores", lembrando os compromissos assumidos pela UE no Acordo de Cotonu revisto, que especifica que nenhum pais ACP devera encontrar-se numa situaao sejamos meninos de bem e venhamos assinar em Bruxelas!", afirmou irritado o Sr. Sebetela, do Botsuana, desencadeando um coro de aplau- sos. " uma autntica chantagem!", exclamou o socialist belga, Alain Hutchinson. Apesar deste dil6vio de critics, Louis Michel manteve-se firme. Reafirmou a sua f nos APE descritos como instrumentss de desenvolvi- mento" e tentou serenar os nimos, lembrando que a liberalizaao commercial seria progressive e acompanhada de ajudas financeiras europeias substanciais. "Nao se trata de uma liberalizaao estpida e prfida!" explicou o Comissario antes de lembrar o fracasso do sistema de preferncia commercial existente ha varias dcadas. Para ele, chegou a altura de os paises ACP aceitarem o jogo da abertura econmica, tomando por mode- lo o crescimento dos paises asiaticos. I uWII V/l WI//I~ I uIt/ 1 Iia, cDdianIdu Z' Afrique in visu/Baptiste de Ville dAvray menos favoravel no final das negociaes. No entanto, sob a pressao dos democratas-cristaos e dos liberals, a Declaraao referee igualmente a necessidade imperiosa de compatibilidade com as exigncias da OMC. No moment em que os negociadores da Comissao tentavam concluir dentro do prazo acordos de comrcio livre compativeis com as regras da OMC, os parlamentares, como nao houvesse APE completos, denunciaram as pressese" e a abordagem "dogmatica e ditato- rial" do executive europeu. "Como nos bons velhos tempos das colnias, pedem-nos que > 0 monoplio da China A Asia e suas potncias emergentes, como a China ou a India, que estao a tomar posioes no continent africano, provocaram outro debate aceso em Kigali, desta vez entire parlamentares europeus e os seus homlogos ACP. Estes ulti- mos opuseram-se a qualquer critical a Pequim num relat6rio sobre os investimentos estrangei- ros adoptado pela Assembleia, desencadeando a fria da co-relatora luxemburguesa Astrid Lulling. "A China aambarca os recursos natu- rais e as matrias-primas deste continent. Isso nao contribui para o seu desenvolvimento, s6 beneficia as empresas chinesas. A ajuda da China faz mais mal do que bem", declarou sem ambiguidade a deputada europeia, provocando por sua vez a ira dos parlamentares africanos, apoiados pelo Co-Presidente da APP, Radembino Coniquet. "Cada pais tem o direito de estabelecer relaoes com quem o desejar", retorquiu secamente um representante da Repblica Democratica do Congo (RDC), acrescentando que os ACP nao devem receber lioes de uma Europa cujas empresas estio mais interessadas em externalizar-se para o Imprio do Meio do que para Africa. Foi um fogo cruzado que revelou a sensibilidade da questao e o trabalho hercleo que se depara UE, que deseja estabelecer um dialogo "a trs" com Pequim e o continent africano. A Assembleia recuperou a sua unidade para denunciar a degradaao da situaao no Leste da RDC, onde a prossecuao dos combates entire o exrcito congols e as foras rebeldes, chefia- das pelo general Laurent N'Kunda, forou 350.000 pessoas a fugir dos seus lares em menos de um ano. Os parlamentares, numa resoluao de urgncia, apelaram mobilizaao da comunidade intemacional e dos paises vizinhos. "O Congo o gatilho da Africa", afir- mou um parlamentar da RDC. "A violaao de mulheres, o assassinio de crianas, a violncia e a pilhagem por razes tnicas fazem desta cruise uma ameaa estabilidade da regiao", confirmou o deputado alemao, Jtrgen Schroeder. O aviso da APP foi tragicamente confirmado dias depois pela intensificaao dos combates volta da cidade de Goma, perto da fronteira com o Ruanda. A Assembleia foi tambm uma ocasiao para enviar um sinal de alarme sobre um assunto menos dramatico, mas com repercusses srias para os paises ACP: o atraso na ratificaao do Acordo de Cotonu revisto pe em perigo o des- bloqueio do 10.0 Fundo Europeu de Desenvolvimento previsto para o period 2008-2013. Os Co-Presidentes, Glenys Kinnock e Radembino Coniquet, lanaram um apelo mobilizaao dos parlamentos nacionais para que garantam a ratificaao no prazo pre- visto e permitam, assim, o desbloqueio da ajuda europeia. Os 27 paises da UE e dois ter- os do Grupo ACP devem obrigatoriamente ter ratificado o acordo para que a Comissao possa utilizar os 22,6 mil milhes de euros do FED. "O problema muito srio. Enquanto nao for concluido o process de ratificaao, nao have- ra financiamentos para os projects nem ajuda ornamental", preveniu a Sr" Kinnock, esperan- do que esta questao ja esteja regularizada na prxima reuniao da APP na Eslovnia. S.F. M C*RREIO ii~- 1