N'uma d'essas occasi6es, depois da leitura do artigo do sr. Oliveira e Castro, prometti esclarecer o sr. Pacheco a respeito da cultura do cacaueiro n'estas ilhas, de modo a poder elleescrever, com major proveito do Paiz, sobre o assumpto; pordm, declinando elle de assim o fazer, como se deprehende do Boletim n.0 f4 de 9 do correntet, collocou-me ao mesmo tempo na obrigacao de alguma cousa dizer, comquanto eu tenha sempre preferido falar ao publico corn os factos, que derivassem dos meus trabalhos, como o melhor modo de convencer os inexperientes sobre emrezas d'esta ordem, provando-lhes praticamente as cousas corn resultados palpaveis e vantajosos e ndo corn palavras, que ordinariamente acarretam controversias, porque nem todos estgo no mesmo grau de convicqo ou v~em os objectos pelo mesmo prisma. Comtudo, convencido da importancia dos beneficios que deve trazer a vulgarisacdo das vantagens, que resultam ao agricultor pobre ou rico, de uma ta! cultura, ndo s6 pela economia de trabalho e de tempo em relagdo ao cafd, mas ainda pelo muito que ella excede em producto a este, tratarei d'ella e da preparaggo e conservaciio do fructo, assim como do seu producto, calculado pelo preqo de 8o r~is provinciaes a libra, para assim concorrermos a alentar os que airda isso ignoram, a fim de que desenvolvam na maior escala tio importante cultura, como ramo s6 de per si capaz, quando n5o houvessem outros, de enriquecer a Provincia e eleva-la d maior prosperidade. I Esperamos dar, dentro em breve, una circumstanciada noticia sobre a cultura, preparaqo e conservagio do cacau e seu rendimento, culculado pelo preo que hoje (janeiro de 1858) obtem em Portugal. Deve-la-hems d generosidade e bons desejos de S. Ex.a o Sr. ConseIheiro Jo~o Maria de Sousa e Almeida, actual presidente da Camara Municipal, negociante, proprietario e cultivador d'esta provincia. Apesar do caf6 ter sido, e continuar a ser, tfio explorado entre n6s como sendo o producto mais rendoso e seguro; o cavalheiro, a que nos referimos, dignando-se conversar comnosco, assegurou-nos que o cacau, mesmo vendido por metade do custo d'aquelle genero, dA um lucro que Ihe 6 superior, tanto pela abundancia do fructo de cada arvore, come pelo pequenissimo trabalho de prepararaq~o que exige depois de colhido. 0 sr. conselheiro intitula o cacau -A arvore dos pobres. (Do Boletim Official da Provincia).